Vereadores sugerem construção de caixas secas na zona rural

Como forma de propor soluções ao poder público para auxiliar os agricultores no período da seca, os vereadores de Ibatiba discutiram diversas alternativas, entre elas a construção de caixas secas nas áreas rurais. Trata-se de uma técnica simples, mas bastante eficaz.

As caixas secas são reservatórios tecnicamente dimensionados, construídos, em geral, nas margens de estradas para captar as águas de chuva. Em tempos de estiagem, as caixas secas aumentam o armazenamento de água e o abastecimento do lençol freático, o que favorece as nascentes e a vazão dos rios. A técnica também evita enxurradas, erosão, assoreamento dos rios e depredação das estradas pela chuva.

“Esse é um projeto que estamos estudando, junto ao Executivo, com a ajuda de técnicos da área. Se fizermos uma conta rápida, só com caixas de contenção na serra de Criciúma, por exemplo, teremos volume de água suficiente pra abastecer um reservatório na comunidade. É uma medida simples, mas muito boa pros produtores de café”, explicou o vereador Silvio do Barateiro.

“É preciso que o Executivo use esses recursos como meta prioritária para garantir os reservatórios de águas da zona rural e restabelecer nossos lençóis freáticos”, reforçou o vereador Luciano Salgado. O vereador lembrou ainda que é preciso inserir os agricultores nas discussões e debates sobre a crise hídrica, uma vez que eles são bastante afetados pela seca.

Experiências

O vereador Elias Cândido da Silveira (Lili da Barbearia), contou que tem relatos de experiências de produtores que viram melhorias na produção de café com a construção de caixas de contenção. “A água fica armazenada na caixa e vai infiltrando gradativamente, e os pés de café são beneficiados com essa água. Os recursos e máquinas do Pronaf poderiam ser uma alternativa pra ajudar os produtores a construírem caixas secas”, sugeriu.

Já o vereador Ezequias Mariano relatou que construiu caixas secas em sua propriedade, em Santa Maria, que resultaram na redução da erosão. “Eu tinha problema de erosão devido às enxurradas, e que danificavam as estradas. A cada dois anos nós limpamos as caixas secas e, com isso, acabou o problema de erosão na estrada”, contou Ezequias.

Técnica é incentivada em todo o Estado

O engenheiro agrônomo do Incaper, Aliamar Comério, sempre considerou as caixas secas como solução para o problema da estiagem no Estado, uma vez que a técnica controla o nível dos mananciais por favorecer a infiltração gradativa de água no solo.

“Os reservatórios construídos à beira das estradas, onde não há margem íngreme, impedem que a água escorra morro abaixo e arrastem partículas sólidas que provocam o assoreamento dos mananciais e prejudicam a atividade agrícola. Dessa forma, a água retida nas caixas secas infiltra-se, contribuindo para o enriquecimento do lençol freático na época de chuvas, e o abastecimento das nascentes no período de secas”, explica.

Para a implantação do projeto são necessários alguns cuidados, como a elaboração de projetos tecnicamente dimensionados. É fundamental calcular o volume correto da escavação, devendo-se definir não apenas a água da chuva que se quer captar em 24 horas, como também levar em consideração a largura e a declividade da estrada, juntamente com a cobertura vegetal da microbacia hidrográfica, ente outros aspectos.

“O projeto de Adequação de Estradas Rurais através de Caixas Secas evita o efeito sanfona dos mananciais, ou seja, aumenta a vazão das nascentes, córregos e rios nos períodos de estiagem e reduz a vazão das enchentes nos períodos chuvosos”, disse Comério.

O produtor rural interessado em saber mais sobre a construção de caixas secas deve procurar o escritório do Incaper do seu município.

*Com informações do Incaper.